Dia: 11 de dezembro de 2008

  • Os Ridgebacks se dão bem com crianças?

    Por Barbara Sawyer Brown

    Ridgebacks adoram a maioria das crianças. Eu digo “a maioria” porque nenhum cão aprecia ser tratado de forma rude. Não há cão que goste de crianças que o tratem com crueldade.

    Eu sempre digo às pessoas que, quando crianças pequenas ficam bravas, elas batem. Quando filhotes e cachorros ficam bravos, eles mordem. Eu digo às pessoas que, se seus filhos podem mordem, os cães também podem. Criar um cãozinho não é diferente de criar uma criança. Assim como ensinar suas crianças a se comportarem, você deve fazer seu filhote compreender que, apesar de você amá-lo, ele deve ter limites. E assim como seu filho sabe que, se ele não seguir algumas regras apontadas por você, apesar de você continuar a amá-lo, não ficará feliz, o seu filhote sabe disso e quer você feliz, de bom-humor. Ele nasceu com um forte desejo de agradar você, então você já está um passo adiante, antes mesmo de começar.

    Como suas crianças, um filhote aprenderá melhor através de métodos positivos (por bem). Se suas crianças são ferozes e incontroláveis, seu cão será assim também. Não estou sugerindo que crianças devam ser anjinhos o tempo todo. Eu conheço bem pois criei três! Mas apesar de dizerem “crianças são crianças”, você deve estar pronto para deixá-los “sob controle” às vezes! Sim, Ridgebacks se dão bem com crianças que estão sob controle e que foram ensinadas que um cão é algo vivo, que sente dor e tristeza, assim como elas.

    O que me atraiu nessa raça, há trinta anos, foi que eu tinha três crianças pequenas naquela época. Eu precisava de um cão que fosse paciente e brincalhão com eles e seus amigos.

    Os “amigos” eram uma parte importante, já que eu queria que meus filhos pudessem trazer seus colegas em casa para brincar mas não queria me preocupar com um cachorro que pudesse machucá-los. Ao mesmo tempo em que eu queria um cachorro com instinto protetor, eu não queria que esses instintos fossem tão fortes que o cão pudesse atacar uma criança que estivesse fazendo “brincadeiras-de-mão”, ou fazendo algo parecido, com um filho meu. Saiu um artigo assustador no jornal sobre um cão que viu “sua criança” sendo derrubada, jogando bola no jardim dos fundos, e se atirou contra a vidraça, quebrando-a, e depois atacou a outra criança. O Ridgeback não é esse tipo de cão de guarda. Sim, essa raça é boa com crianças, mas se você tem crianças há regras especiais que devem ser seguidas.

    REGRA: nunca permita que sua criança engatinhe no cesto do cão, com este dentro. O cesto, ou caminha, é o lugar de privacidade do animal, um refúgio do mundo, e isso também significa um lugar para escapar das crianças! (Você às vezes não quer um lugar assim também?). Quando o cachorro corre para longe da criança, indicando que já brincaram bastante, respeite sua vontade. Um cachorro encurralado pode morder.

    É Regra: nunca permita que as crianças carreguem o cãozinho. Se ele cair ou saltar de seus braços (filhotes não têm medo de altura), quebrará sua perna (ou pernas). Se isso acontecer, não somente seu coração ficará quebrado mas sua conta bancária será esvaziada porque você gastaria mais tempo no Consultório Veterinário do que imagina! Sua perninha terá que sofrer intervenções muitas vezes por semana, devido ao crescimento acelerado de seus membros. Se a criança “precisar” pôr o filhote no colo, que esteja sentada no chão, não encostada em nada. Isso também ensinará ao cãozinho a nunca sentar no sofá. Lembra como eu expliquei que um convite por um momento, é um convite para toda a vida, e que esses pequenos fofinhos um dia serão cães glutões de 40 quilos? Se você não quer um Ridgeback adulto sobre a mobília, não deixe seu Ridgeback filhote brincar com os móveis!

    É Regra: Se o cachorro fugir da criança (para a segurança de sua caminha ou cesto, ou mesmo para outro quarto da casa), não, repito, não deixe sua criança ir atrás do cão! O cão agiu corretamente. Ele mostrou à criança que não deseja brincar (ou ser incomodado) e se retirou de cena. Ele poderia ter reagido com uma mordida mas escolheu simplesmente deixar a área! Não deixe a criança encurralar o cão. A criança deve ser ensinada a respeitar sua privacidade. Em se tratando de uma criança pequena, isso talvez signifique que os pais devam pegar a criança em seus braços e chamar sua atenção para outra atividade.

    Não é uma regra mas é questão de bom senso: Mesmo que as crianças tenham prometido a você serem responsáveis por cuidar do filhote, elas não cuidarão e irá sobrar para você checar se o cãozinho está alimentado, se ele tem uma tigela limpa com água fresca o tempo todo, se ele passeou, se ele está treinado, se ele está bem, mesmo que as crianças estejam cansadas de brincar com ele. Um antigo ditado diz que nada como um cachorro para ensinar a responsabilidade paterna.

    Não é justo com ambos: nem com o cãozinho nem com a criança esperar que seu filho faça tudo isso. Um cãozinho não é um brinquedo que possa ser guardado em uma prateleira de armário. É um cão de verdade! Como um cão de verdade, precisa de você! Suas refeições devem ser pontuais: no mesmo horário todos os dias. Seus passeios devem ser regulares, e se não houver contato social apropriado, isso pode acarretar danos para toda vida. Isso é muito sério para ser ignorado e difícil de ser entendido pelas crianças.

    Ensine seu filho a manter seu rosto longe do focinho do cachorro, especialmente com filhotes, que dão patadas de brincadeira. Mesmo que você seja cuidadoso, deixando suas unhas curtas e passeando com ele diariamente, o que gasta suas unhas, elas são afiadas e podem facilmente arranhar. Da mesma forma, quando o cachorrinho fofinho está lambendo seu nariz, ele talvez decida provar o sabor! Lambida aqui, lambida lá, de repente uma mordidinha! Isso não apenas dói mas pode virar uma cicatriz. E você não quer ver o rostinho lindo do seu filho com uma cicatriz! E nunca deixe seu cão com um bebê novinho, uma criança sozinha ou um grupo de crianças, sem supervisão. Lembre que, apesar do cachorro ser o mais doce do mundo, ele ainda é um animal.

    Quando crianças brigam, elas batem. Quando cães brigam, eles mordem! O bom senso deve guiar você, aqui. E falando de bom senso… Eu gostaria que as pessoas, cujos cães morderam o rosto de suas filhinhas tivessem usado um pouco de bom senso.

    Na noite anterior ao dia da mordida, os pais haviam testemunhado sua filha de seis anos engatinhando no chão em direção ao cachorro, que dormia, e gritou “Boo!” quando estava face-a-face com ele! O cão despertou, rosnando.

    O criador daquele cãozinho estava fora do país naquela época, então eles me contataram para perguntar se deveriam se livrar daquele cãozinho de quatro meses por seu “mau temperamento.” As pessoas deveriam ter sido alertadas pelo rosnado do cãozinho que esse tipo de comportamento era arriscado! O cachorrinho foi mudado para uma nova casa, pouco depois, quando a criadora voltou de suas viagens.

    Eu sempre digo às pessoas que o comportamento de suas crianças é um bom indicador de como seu cão irá se comportar. Reconhecendo o fato de que “crianças são crianças”, se suas crianças nunca estão sob controle você pode esperar a mesma coisa de seu cachorro, já que treinar um cão não é diferente de ensinar uma criança. Ambos devem ser feitos com recompensas! (Nós te amamos mas devemos estabelecer limites para você e se você não seguir esses limites nós continuaremos a te amar mas ficaremos muito tristes com você e nós somos muito mais legais quando estamos felizes!).

    Os pais nunca devem deixar suas crianças e o cãozinho terem atritos. Eles devem brincar juntos e assim o cãozinho aprende sobre seu lugar na família. O natural para o cãozinho é ver sua nova família como seu grupo, e as crianças como seus irmãozinhos de ninhada. Você não quer um cão que se coloque acima na ordem da família do que as crianças pois esse tipo de comportamento pode ser bonitinho quando o cão é jovem, mas pode ser realmente perigoso quando você tem um cão crescido que olhe para as crianças como seus subordinados. Seu criador terá estudado comportamento familiar e estará habilitado a falar mais sobre isso do que pode ser dito em uma web page. Ouça cuidadosamente, e se tiver mais perguntas, pergunte a ele ou então telefone mais tarde se surgir alguma dúvida.

    Novos pais devem perceber que se eles trataram seu filhote como um filho, antes de o bebê nascer, eles não devem abandona-lo só porque eles estão ganhando uma criança humana no lar. O cão não deve ser trancado longe da criança. Se o cão era acostumado a passear duas vezes ao dia, ele deverá continuar passeando duas vezes ao dia. O tempo está curto, agora? Então faça passeios mais curtos! Mas a mensagem importante que deve ser transmitida ao cão é que o bebê irá trazer mais prazer à vida dele, e não que ele será tratado como um simples cachorro depois de uma vida cheia de regalias! (É muito simples satisfazer essa raça).

    Eu sempre pensei que é um filhote de sorte aquele que tem uma criança na sua casa. Depois de ouvir a desculpa (muitas vezes) “Um bebê está vindo e nós precisamos nos livrar do cachorro”, eu mudei meu modo de pensar. Crianças e cães podem ser uma alegria juntos! Mas para isso é necessário bom senso dos pais, compromisso e uma boa dose de treinamento, não só dos cães mas também das crianças.

  • Dermoid Sinus no Rhodesian Ridgeback – Parte 2

    (Revisão feita por um veterinário)

    Retirado do: “South African Rhodesian Ridgeback Club, Ridgeback Review”

    A formação e o significado da Dermoid Sinus

    O Rhodesian Ridgeback é uma raça moderna de cachorro que surgiu a partir do cruzamento de cachorros da tribo indígena “Hottentot” com várias raças Européias introduzidas pelos primeiros colonizadores do Cabo.

    O padrão da raça foi estabelecido com a formação do “Rhodesian Ridgeback Club of Bulawayo” em 1922. A característica principal da raça são os redemoinhos que são formados no seu pelo ao longo de suas costas. O redemoinho é formado por pêlos que nascem em direção oposta aos demais pêlos das costas.

    Criadores do Ridgebacks sempre estão atentos a um defeito já bem conhecido que ocorre com a raça, o “Cisto do Ridgeback” ou mais corretamente chamado de Dermoid Sinus. (Dermoid –nascendo da pele, Sinus – cavidade ou canal).

    Dermoid Sinus são estruturas estreitas com formato de tubo que são derivados de um defeito na pele. Eles penetram da superfície da pele a várias profundidades indo em direção aos músculos e à coluna vertebral. Situam-se em geral entre o pescoço e as patelas onde exatamente se dá o começo e o final do redemoinho. Fig 1).

    Fig 1: Áreas marcadas com o “X” indicam os locais onde dermoid sinus pode desenvolver

    Esse é o único defeito congênito que ocorre regularmente na raça. (Congênito significa que o defeito foi formado enquanto o cachorro era feto). Quando considerado como um defeito presente na família como um todo, Dermoid Sinus ocorrem muito raramente em outros cães que não Ridgebacks ou “Crossbred Ridgebacks”. (Cruzamento de outras raças com o RR). É obvio que esse defeito foi herdado do resultado dos cruzamentos de “linhagens de sangue” que se fazia com a raça para que se formasse um “estoque” de Ridgebacks.

    O incidente do defeito na raça não é conhecido uma vez que não há nenhum monitoramento de filhotes e ninhadas afetadas pela Dermoid Sinus. Muito pelo contrário, cães e ninhadas afetadas pela Dermoid Sinus são mantidos em segredo pelos criadores por acharem que suas fêmeas possam ganhar a fama de cadelas que produzem filhotes afetados em suas ninhadas.

    Até o momento, eu gostaria de deixar claro que nenhum criador por mais seletivo que seja com a raça que obtenha somente os melhores exemplares de macho e fêmea pode saber se seu animal é ou não portador da anomalia. O criador somente terá certeza se fizer o teste de descendência genética (cariótipo) para ter certeza de que sua linhagem sangüínea não carrega o defeito. Qualquer Ridgeback pode ser um portador do defeito até que se façam os testes e estes se apresentem negativos.

    A formação da Dermoid Sinus

    Para entender como a Dermoid Sinus se forma, é necessário entender como o embrião é formado no útero da fêmea. Dermoid Sinus é um problema congênito que resulta de uma má formação fetal.

    Um óvulo fertilizado constitui-se de uma única e simples célula. Dessa célula, um filhote constituído por milhões de células especializadas, compreendendo tecidos e órgãos, será formado em 63 dias.

    Fig 2: Primeiros estágios da divisão celular

    A: Célula única de um óvulo fertilizado.

    B: Estágio de 2 células

    C: Estágio de 4 células

    D: Estágio de 8 células

    E: Massa esférica multicelular depois de muitas divisões ocorridas.

    Esse processo é concluído por uma rápida divisão celular fazendo com que o número de células aumente consideravelmente. Em 10 sucessivas divisões, 1042 células são produzidas o que significa que mais adiante o número de células será enorme.

    O próximo estágio é a organização da massa de células produzidas para formar o filhote. O processo de organização que se dá nas três primeiras semanas de gestação é chamada de desenvolvimento embrionário. Quando o embrião está completamente desenvolvido e um filhotinho em miniatura é formado, passamos a chamá-lo de feto. As próximas semanas de gestação são para que o feto se desenvolva e cresça até estar pronto para nascer.

    Dermoid Sinus origina-se de uma má formação no desenvolvimento embrionário. A divisão celular termina em uma massa esférica de células. A parte externa dessa massa tornar-se-á a pele do filhote outra parte do corpo também se forma com essa camada externa da massa. É o cérebro e a coluna vertebral que começa na cabeça e termina na base da cauda. A pergunta é como a massa externa forma o cérebro e a coluna vertebral?

    Esse processo é completado pela formação de um tecido que recobre a superfície dessa massa esférica. Esse tecido se aprofunda e suas extremidades se juntam formando uma estrutura em forma de tubo que mais para frente irá formar a coluna vertebral e o cérebro. Esse tubo se aprofunda mais ainda e liberta-se da camada inferior. Esse processo é mostrado na Figura 3.

    Fig 3: Formação esquemática do cérebro e coluna vertebral

    Seções de X-Y para mostrar a formação do tecido na camada abaixo da camada da massa esférica.

    Junção das extremidades. Fechado. Separação da camada externa (pele) da estrutura tubular (coluna vertebral)

    Dermoid Sinus ocorre quando pequenas áreas de tecido se aderem entre a camada externa (pele) e a estrutura tubular (que se tornarão o cérebro e a coluna vertebral) permanecendo aderidos.

    No filhote essa separação defeituosa do tecido embriológico está presente como uma aderência de tecido tubular muito fino que se estende desde a pele até os tecidos mais profundos chegando mesmo até a coluna vertebral em alguns casos.

    A profundidade que esse tecido tubular atinge, é o critério para classificar os quatro tipos de Demioid Sinus, mostrados na Figura abaixo.

    Corte seccional de um pescoço de cachorro. Tipos de Dermoid Sinus

    Tipo I Penetra abaixo da superfície da pele, seu tecido gorduroso recobre os músculos do pescoço.

    Tipo II Penetra nos músculos do pescoço.

    Tipo III Penetra nos ligamentos da coluna vertebral recobrindo a parte superior das vértebras.

    Tipo IV Penetra na coluna vertebral por entre as vértebras.

    O significado da Dermoid Sinus

    Os danos da Dermoid Sinus não são só preocupantes pelo fato de serem visíveis anatomicamente, mas porque a Dermid Sinus pode infeccionar por causa de bactérias.

    O tubo fino de derme que descende da epiderme é formado por todas as estruturas normais do tecido com suas principais funções: pêlos, suor e glândula sebáceas.

    A fina camada central, na qual se encontra a Dermoid sinus começa a ser preenchida por pêlo, sebo, e escamas de pele. Esses componentes geralmente também possuem bactérias que geralmente vivem na pele e que por alguma razão podem se proliferar mais que o normal. Essas bactérias se instalam nesse local através dos poros e também pela grande quantidade de “material interessante “ à ela.

    O acúmulo de secreção da pele faz com que ocorra um processo de putrefação. As paredes do sinus se quebram e a bacteria acba por “invadir” esse meio. Isso acaba ocasionando a formação de abcessos que ocasionalmente podem se romper com uma secreção purulenta.

    Cirurgia e tratamentos extensivos são a melhor forma de limpar essa complicação contudo há casos de Dermoid sinus que não respondem bem ao tratamento

    Se uma Dermoid Sinus é detectada em um cachorro , pode ser removida antes de inflamar e com uma boa chance de não haver complicações futuras. Porém em muitos casos os donos não sabem detector se o animal é portador de Dermoid sinus. Conseqüentemente, os donos são obrigados a procurer um veterinário para que o tratamento correto seja feito. Isso pode causar um certo desconforto ao dono do animal e ao criador por saber que um animal foi comprado/vendido com uma condição latente.

    Diagnóstico da Dermoid Sinus

    No filhote, a Dermoid Sinus pode ser detectada ao levantar a pele ao longo da coluna vertebral e pescoço bem no ponto tradicional onde pode crescer (em frente aos redemoinhos). Ao levantar a pele e deslizar seu indicador e polegar você poderá perceber a presence de Dermoid sinus(se houver) por sentir uma fina camada de pele como se fosse um fio por entre as duas camadas da pele.

    Diagnóstico da Dermoid Sinus

    Para sentir a presença da Dermoid sinus é preciso que você levante a pele do animal e com seu dedo indicador e polegar vá apalpando. Dessa maneira, a Dermoid sinus será puxada juntamente com a pele entre a pele e o músculo.

    O diagnóstico pode ser confirmado ao raspar os pêlos da área em questão. Você verá uma abertura como se fosse um poro e de dentro um tufo de pêlo é fácilmente observado. Essa é a abertura da Dermoid Sinus. O filhote quanto mais velho ficar maior sua Dermoid sinus sera e mais fácil de ser detectada.

    Devemos enfatizar que o diagnóstico da Dermoid Sinus não é tão simples quanto descrito acima. Se não diagnosticada, a Dermoid sinus permanecerá dormente por algum tempo e se necessário procure ajuda de um medico veterinário.

    Um site excelente mostra fotos de uma cirurgia feita para a retirada da Dermoid sinus em filhotes.

    Holmland Owl’s Rhodesian Ridgebacks

    Muitos agradecimentos à Anke Terbruggen da Holanda que caridosamente deixou essas informações e fotos disponíveis gratuítamente na Internet.