Por Diane Jacobsen
(Esses dois artigos também são encontrados no site: www.rrcus.org)
A “dermoid sinus” (D.S.) é conhecida por muitos nomes como cisto de “dermoid”, cisto de cabelo e cisto Africano. É “sinus” porque tem o formato de tubo que drena e “dermoid” porque tem formato de pele. Pode ou não conter folículos pilares ou ser coberto por pelos. Assim como o pelo cobre o corpo do animal, também cobre a cavidade do tubo nasal. A defesa natural do organismo contra corpos estranhos consiste em expulsá-los. Desse modo, haverá produção de secreção para expulsar as impurezas. Nem todas as “dermoid sinus” são feitas de tubos reais, muitas são cavidades nas quais não há possibilidade das secreções serem excretadas. Nesses casos, serão formados abscessos e o inchamento que acompanha o quadro, pode romper a pele, resultando numa situação muito dolorosa para o filhote.
A D.S. é geralmente localizada na linha mediana do pescoço, costas e cauda percorrendo a coluna vertebral. Embora raramente encontrada no “redemoinho” houve alguns casos. A “dermoid sinus” também foi notada em filhotes que não apresentavam o “redemoinho”.
A D.S. é uma condição congênita, significando que está presente desde o nascimento. Pode ser apalpada e identificada nos filhotes recém nascidos. Os filhotes afetados devem ser sacrificados ou então devem se submeter à cirurgia para remoção da D.S. Eles deverão ser somente animais domésticos não sendo considerados cães para procriação.
Para achar a D.S. você deve apalpar ao longo da coluna vertebral começando pelo topo da cabeça. Para fazer isso você deverá segurar o filhote por entre as palmas da mão (a mão deverá estar em formato de concha) ou apalpar o filhote quando ele estiver dormindo. Com uma das mãos segure gentilmente o filhote pela pele do pescoço (como as mães carregam seus filhotes pela boca) tomando cuidado para não machucá-lo.Use sua mão toda puxando a pele primeiramente para cima em direção ao focinho e em seguida puxando para baixo em direção à cauda. A pele esticará um pouco em ambos os movimentos. Não torça a pele do animal por entre seus dedos. Os seus dedos deverão permanecer parados. Se estiver localizada entre a pele e a coluna vertebral, a D.S. irá deslizar por entre os seus dedos. Uma D.S. de tamanho grande lhe dará a sensação de estar tocando aquele macarrão do tipo “miojo” quando molhado e uma D.S., pequena lhe dará a sensação de estar tocando um cordão pequeno. Reposicione os seus dedos no pescoço e novamente comece o processo. Continue o movimento, a partir do pescoço até chegar à cauda.
Na cauda é muito difícil levantar a pele o suficiente para apalpar com eficiência. É melhor que você use o seu polegar nessa área, juntamente com a ajuda dos outros dedos por baixo da área para dar mais suporte, posicionando o seu polegar em cima da coluna vertebral na área da pelve. Empurre a pele primeiro para um lado e depois para o outro lado. Lembre-se de que a D. S. está localizada abaixo da pele e escorregará debaixo do seu polegar.
Você terá a sensação de estar tocando novamente o macarrão do tipo “miojo” numa área grande e longa, mas se a área for curta você não sentirá a D. S. se mexer em demasia.Se você não sentir nada quando empurrar a pele de um lado para o outro, tente empurrar a pele do começo do nariz do cão até a cauda tomando cuidado para empurrar a pele e não o seu polegar.
Quando apalpar a área abaixo dos ombros do animal você sentirá os tecidos de conexão que seguram a pele na região dos ombros. O tecido nesta área é mais espesso do que nas outras áreas da coluna vertebral. Você terá a sensação de estar tocando uma região plana e não será capaz de sentir a área perto do músculo, considerando que a D.S. é facilmente diagnosticada estando entre o músculo e pele de uma região normal fazendo com que a região fique arredondada, você talvez terá dificuldades em sentir a D.S. nessa região.
A D.S. pode ser visualmente diagnosticada pelo exame de uma protuberância de pelos que permanecem retos ao invés de deitados como o normal, no dorso do filhote. Quando você perceber isso você deve apalpar o filhote.Também pode tosar os pelos nessa região, a fim de examinar mais minuciosamente.
A D.S. pode ser removida cirurgicamente. É recomendável que o veterinário esteja familiarizado com esse diagnóstico e já tenha realizado esse tipo de cirurgia antes. A “dermoid sinus” não é como uma maquiagem que é fácil de remover. Algumas são fáceis outras são difíceis. Elas podem se emaranhar ao redor da coluna vertebral o que as faz quase, ou impossíveis de serem removidas. Em alguns casos, os cirurgiões obtiveram sucesso pelo desenrolamento da D.S., mas algumas vezes, ela reapareceu. Uma vez que não há como detectar qual o tipo de D.S. que o filhote apresenta, as instruções dadas ao veterinário devem esclarecer que se D.S. não for completamente removida, o animal deverá ser sacrificado. Nenhum filhote que apresenta D.S. deve ser prometido a um futuro dono.
O processo de cicatrização pode ser traumático também. Nos casos mais simples em que a remoção é fácil não haverá produção de secreção na área. Nos casos mais complicados, onde há maior comprometimento de tecido, a produção de secreção começará tão assim que a pele de cima começar a cicatrizar. Geralmente isso começa no quarto ou quinto dia. Esse processo requer aspiração dessa secreção com uma seringa dotada de agulha especial para punção, três a quatro vezes por dia. Esse procedimento pode levar mais três, até dez dias depois da cirurgia.
Filhotes que fizeram a cirurgia devem ser mantidos separados da ninhada para que não haja danos na área afetada. Tendo em vista que os filhotes se mordem uns aos outros quando brincam, se o filhote em recuperação for mordido na área afetada a produção de secreção poderá piorar.
A “dermoid sinus” foi detectada em outras partes do corpo, mas as mais comuns são as da coluna vertebral. Algumas foram detectadas na cabeça, em cima do crânio ou perto da orelha. Outra área notada foi no pescoço embaixo da orelha ou então na parte da frente do pescoço.
Não se sabe o modo exato em que essa condição é herdada. Discute-se em poli-genia (genes múltiplos) ao invés de simples genes dominantes ou recessivos. Foi notado que, em uma ninhada, pode haver alguns filhotes mais propensos a desenvolver a D. S. Algumas linhagens nascem totalmente livres de D.S. Cães que apresentam essa condição não devem ser animais reprodutores. A cirurgia somente remove o defeito estético, mas não o genético. Os filhotes que fizeram a cirurgia para remover a D.S. não poderão ser cachorros de exposição porque foram cirurgicamente alterados.
A ética dos criadores exige que você exponha o melhor representante da raça. Tanto esteticamente como também fisicamente. Como a D.S. é uma condição muito séria, quem tiver a disposição de manter um filhote portador de D.S., deverá esterilizar ou castrar o animal.
[NOTA: Por causa da D.S., evite injeções no alto do pescoço ou ombros. Reações ocasionais à vacina podem produzir uma inflamação que se assemelha à D.S.]
Dermoid Sinus – A Summary por E. Clough, V.M.D.
1010 Daniel Webster Highway
Merrimack, New Hampshire 03054
Introdução
A denominação “dermoid sinus” (D.S.) foi primeiramente usada para descrever a anomalia de pele do “Rhodesian Ridgeback”. Essa condição também é chamada de “Trichiasis spiralis”, cisto de “dermoid”, cisto de inclusão de “dermoid” e cisto de inclusão da epiderme. O “Rhodesian Ridgeback Club of the U.S., Inc.” prefere usar D.S para denominar a condição descrita.
Descrição
Não foi encontrado nenhum relato de sobre a aparição de D.S. em outras raças. Um único caso de D.S. no “redemoinho” do animal foi relatado. Ouve ocorrências na parte do sacro onde está conectada com a coluna lombar do animal. Os casos mais comuns são os que se encontram na coluna cervical do animal (região do pescoço) que conecta a pele aos ligamentos da coluna dorsal. Uma ou mais D.S. podem ocorrer no mesmo animal. Essa condição é congênita, sendo que as D.S. podem ser apalpadas e a sensação será de “cordas” deslizando entra a pele e a coluna. É também visível uma vez que a direção dos pelos muda por causa de seu formato arredondado.
Histologicamente (microscopicamente) a “sinus” é um tubo grosso retorcido composto por tecidos fibrosos e coberto com células escamosas do epitélio. O tecido que envolve esse tubo pode ou não conter folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. Em casos descomplicados, a “sinus” é composta por sebo, fragmentos de pele e pelo. Uma vez infectado por bactérias, o resultado será de inflamação com formação de abscessos o que pode ocasionar em encefalites (inchamento e infecção da coluna vertebral, das costas e da cabeça). A razão para a discriminação de animais portadores de D.S. é a ocorrência quase inevitável de abscessos.
Herança
Embora não muito bem entendida, a transmissão de D.S. parece ser por um problema de fixação inconstante de um poli gene dominante. Outros geneticistas defendem que a D.S. ocorre por causa de um único gene autossomo recessivo. Isso não é muito provável porque pais normais produzem filhotes portadores de D.S. Por causa da complexidade genética e da dificuldade em organizar e coordenar os estudos da raça, necessários para provar a hereditariedade da doença, é improvável que iremos identificar o mecanismo exato da transmissão genética. Existe uma grande crença de que quando se cria um “Ridgeback” com D.S. haverá uma produção aumentada de filhotes portadores de D.S. O “R.R. Club of the U.S., Inc.” acredita que essa ocorrência possa ser eliminada, se os criadores tiverem todos os detalhes de seus cachorros arquivados no computador. Nós acreditamos que o controle cuidadoso do estudo da criação nos provará que a hereditariedade da D.S. é não só complexa, como também inter relacionada com outros fatores e características.
Por causa da seletividade dos criadores em obter cães saudáveis, a redução dos casos de D.S. é indiscutivelmente reduzida mas não eliminada.
Devido aos resultados não muito animadores para com o tratamento dos abscessos, é fortemente recomendável que cães portadores de D. S. não se tornem candidatos para exposições. A correção cirúrgica pode ser feita mas um ato mais humano seria sacrificar os filhotes afetados logo ao nascimento.
Referências
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- Burns, M. and M.N.Fraser: Genetics of the Dog. J.B.Lippincott Co., Philadelphia PA (1966): 84.
- Hawley, T.C.: The Rhodesian Ridgeback Craft Press, Pretoria, S.A., (1957): 53.
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- Lord, L.H.; A.J.Cawley and J.Gilray: Mid-Dorsal Dermoid Sinuses in Rhodesian Ridgeback Dogs – A Case Report. J.A.V.M.A., 131 (1957): 515-518
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- Personal communications from numerous Rhodesian Ridgeback friends.
- Severin, G.A.: Inheritable and Congenital Diseases in Dogs. Dog World (December 1974).
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