As raças de cães recém-introduzidas no Brasil fazem sucesso por suas características únicas
Rodrigo Turrer
Cachorro que não late? Cão sem pelo? Pastor miniatura? Se você encontrar cachorros que nunca viu, não os confunda com vira-latas. Pouco comuns no país até o começo da década, algumas raças aos poucos ganham o mercado canino – ou “cinófilo”, como preferem os criadores – por suas características exclusivas, que se refletem no preço. Um cão desses, com pedigree e vacina, pode variar de R$ 2 mil a R$ 5 mil. Nas próximas páginas, alguns exemplos.
O basenji é uma das raças mais conhecidas entre as desconhecidas: o cão que não late – e raramente morde. Pacífico, emite sons que vão de uma espécie de risadinha de desdém a uivos cantados. Suas cantorias são hit no YouTube (basta digitar “basenji singing” no site para ver). Apesar dos dotes artísticos, a raça não é barulhenta, afirmam os criadores. “É um cão silencioso. Eu tenho uma fêmea há quatro anos e nunca ouvi a voz dela”, diz o criador Sávio Steele, dono do Canil Itapuca, em Niterói, Rio de Janeiro.
Além de silenciosos, são cães com “alma de gatos”: independentes e autônomos, gostam de pessoas e interagem com o dono sem exceder na bajulação. Soltam pouco pelo, não têm cheiro de cachorro e são… autolimpantes. Higiênicos, pulam poças e evitam sujeira. Se pisam na lama, lambem a pata até ficar limpos, diz Steele. Apesar de se darem bem em apartamentos, são cães que precisam de passeios diários.
Outra raça emergente é o oposto do basenji. O chinese crested dog, ou cão de crista chinês, é pouco menor que um poodle e tem cara de chihuahua. A falta de apelo estético é compensada pela capacidade de se adaptar a espaços pequenos, dizem os criadores. “São cães perfeitos para apartamentos: não têm pelo, não causam alergia, são carinhosos sem ser hiperativos e dispensam exercícios e passeios diários”, afirma Livia Krainer, agente do canil Hampton Court, em Avaré, São Paulo. Por não latirem à toa, servem como “alarme vivo” para proteger a casa.
Outra raça miniatura útil para alardear visitas indesejadas é o schipperke (pronuncia-se “squiperque”). Miniatura do portentoso pastor-belga, é pouco menor que um beagle. Independentes e inteligentes, são conhecidos pelo silêncio. “Como não latem por nada, mesmo pequenos são ótimos cães de guarda”, explica Thiago Mendes, biólogo e criador do canil Moreira Mendes, em São Paulo. Apesar de peludos, não têm cheiro forte mesmo quando ficam meses sem banho, segundo os criadores. Convivem bem com crianças.
Quase insuperável em adaptação a travessuras infantis é o buldogue francês. “Ele aceita todo tipo de brincadeira, até das crianças mais ranhetas”, afirma Sávio Steele, que também cria a raça. São cães dóceis, companheiros e apegados. Às vezes até demais. Sentem falta dos donos e não podem ficar sozinhos muito tempo, senão depois querem brincar o tempo todo. Atarracados e parrudos, ficam entre o pug e o buldogue inglês e são muito procurados por moradores de apartamentos.
Não é só na versão reduzida que é possível encontrar raças emergentes e comportadas. Quase do tamanho de um pastor-alemão, os cães rodesianos chamaram a atenção do ator Thiago Lacerda. “Eu sou um veterinário frustrado e adoro cachorros grandes. E me apaixonei pelo biotipo da raça”, diz Lacerda, dono do Canil Riad Ridge, em Petrópolis, Rio de Janeiro, especializado em rodesianos. “É um cão altivo, companheiro sem ser espalhafatoso. É quase um felino.”
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BULDOGUE FRANCÊS ORIGEM: França. É uma versão miniatura dos buldogues originais |
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ORIGEM:Belga, raça com 500 anos, é uma versão miniatura do pastor-belga original |
ORIGEM : África. No século XIX foi levado para a Inglaterra e se espalhou na Europa |
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ORIGEM: África. Foi disseminado na China no século XVI. |
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ORIGEM:África. Chamado de Leão da Rodésia, foi levado para a Europa por colonos ingleses
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Publicado na Revista Época, 22/08/2009